A pornografia é um grande negócio nos Estados Unidos. É uma das razões mais comuns para as pessoas estarem on-line. Companhias produtoras estão fazendo fortunas. A pornografia on-line basicamente recuou a indústria de produção de vídeos uma vez que entrou nas casas. Todos os tipos de pessoas podem acessá-la, sejam menores de idade, adultos ou pessoas com problemas psicológicos. Algumas pessoas dizem: "Temos um grande problema de saúde pública nesse país. Precisamos tratar a pornografia como uma dificuldade de saúde pública". Eu não me oponho a essa ideia como aqueles que podem ver isso como uma questão de discurso livre ou algo que você pode escolher acessar on-line para se entreter.
Existem pessoas que se envolvem em problemas com a pornografia. Elas perdem relacionamentos, como casamentos, porque estão constantemente assistindo a isso on-line. Elas não conseguem encontrar uma forma de impedir esse vício. Isso requer, parcialmente, uma resposta em termos de tratamento em saúde. Você também pode se preocupar que o que é visto na pornografia pode levar a comportamentos dos quais os parceiros não querem realmente participar. A pornografia tenta chegar às margens da sexualidade porque é isso que traz audiência. Se fosse apenas o sexo tradicional, eu acredito que as pessoas não assistiriam da mesma forma. Podem existir questões de saúde pública sobre o que é aceitável e respeitoso. Lidar com o desejo por sexo ou a pornografia infantil merece uma resposta também.
Parte do problema é que não temos certeza do que fazer quanto à pornografia. Não é sempre ruim. Pode ser um entretenimento, e divertido de assistir. Pode ser adjunta à vida sexual das pessoas. Eu entendo tudo isso. Nós não necessariamente temos as pesquisas. Nós não necessariamente somos especialistas em saber quando a pornografia é uma parte da vida sexual de alguém ao invés de dominá-la, ou encorajar comportamentos que não são saudáveis ou bons para os outros.
Não acredito que o conceito geral de pornografia esteja errado, mas ela começa a se tornar um problema de saúde pública junto com o vício em drogas, o abuso de opioides e até, em alguma extensão, com a controversa questão das armas. Nós podemos fazer muitas coisas com um modelo de saúde pública de redução de risco ou dano, ou um modelo de dependência usado para ajudar pessoas a acabarem com hábitos ruins, seja obesidade ou sexualidade irresponsável. Essas são situações nas quais a medicina e o sistema de saúde têm um papel.
São os únicos lugares para se fazer isso? Não. Deveríamos censurar o que surge na internet relacionado ao sexo? Acredito que não. Existe mais a se fazer, e existem pessoas que são vulneráveis à isca da indústria da pornografia. A medicina tem o seu papel a cumprir.
Pontos de interesse: A pornografia on-line representa uma crise de saúde?
Questões a serem consideradas:
- Utah, South Dakota, e Arkansas aprovaram resoluções estabelecendo a pornografia como uma crise de saúde pública de proporções epidêmicas.
- Alguns profissionais de saúde se preocupam com o fato de que a pornografia promove o abuso de mulheres e crianças ao colocar o estupro e o abuso como atos aceitáveis.
- Algumas pessoas se preocupam que a pornografia possa arruinar casamentos e levar ao vício sexual ou a outros comportamentos pouco saudáveis, e que possa afetar o trabalho da pessoa, levando a incômodos significativos e a sentimentos de vergonha.
- Defensores da pornografia dizem que a erotização pode melhorar a vida sexual, fornecer uma fonte recreacional, e mesmo reduzir a incidência de abuso sexual.
- A pornografia desencadeia a atividade cerebral em pessoas com comportamento sexual compulsivo, de forma semelhante ao que ocorre com as drogas no cérebro de um dependente. No entanto, isso não significa necessariamente que a pornografia é viciante.[1]
- Algumas pesquisas sugerem que não existe vício em pornografia. As pessoas que dizem ter problemas para controlar o próprio consumo de pornografia não apresentam uma resposta típica de vício às imagens sexuais. Com a dependência, é esperada uma atividade cerebral aumentada em resposta a estímulos relevantes – heroína no caso de vício em drogas, por exemplo. Mas participantes de estudos sobre pornografia mostraram redução da atividade cerebral em resposta à pornografia.[2]
- Depois que a pornografia foi legalizada na Dinamarca em 1969, pesquisadores relataram um declínio correspondente na agressão sexual.[3]
- Vários estudos internacionais colocam as taxas de consumo de pornografia em 50% a 99% entre homens, e em 30% a 86% entre mulheres.[3]
- A percepção de vício em pornografia na internet, mas não ao uso de pornografia por si só, está relacionada de forma única à experiência de estresse psicológico.[4]
- Até 1 em cada 25 adultos são afetados por comportamento sexual compulsivo, uma obsessão com pensamentos e sentimentos sexuais, ou comportamentos que não são capazes de controlar.[1]
Art Caplan. New York University (NYU) School of Medicine. Programa de ética médica.
Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6501314?src=soc_fb_170705_mscpmrk_portpost_5901314_pornoproblemasaude#vp_1
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