Não é de hoje que sabemos que as mulheres têm dificuldade em ter orgasmos e, muitas vezes, sequer sentem satisfação durante o sexo. Atualmente, existem poucos tratamentos para a disfunção sexual feminina, e estes geralmente têm sido ineficazes, provocando cada vez mais frustração entre elas.
No entanto, pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) se depararam com uma terapia que, surpreendentemente, parece estimular a função sexual no público feminino. O estudo foi publicado na revista Neuromodulation.
Os cientistas notaram que a aplicação de tratamentos de neuromodulação, que envolve estimulação elétrica leve e direcionada, para disfunção da bexiga, também melhora algumas das funções sexuais das mulheres.
Durante o trabalho, os autores descobriram que estimular um ponto específico - uma área próxima ao nervo tibial encontrado no tornozelo - ajuda a tratar a disfunção da bexiga.
Não está claro por que a colocação de eletrodos no tornozelo ajuda a estimular a região pélvica, mas a equipe acredita que os nervos que se espalham podem interagir, na região da medula espinhal, com nervos que atingem a área pélvica.
Para testar a eficácia da terapia, a equipe realizou os primeiros testes em animais. Nos ratos, eles estimulavam os nervos nas regiões genitais e tornozelo. Após cerca de 15-30 minutos, eles viram que os roedores experimentaram um aumento significativo no fluxo sanguíneo vaginal, sugerindo aumento da sensibilidade.
Feito isso, eles resolveram ir além e recrutaram mulheres que receberam 12 sessões de terapia de estimulação elétrica nervosa transcutânea, que duraram meia hora cada. Durante os encontros, os pesquisadores colocaram eletrodos em torno das áreas genitais das mulheres ou nos tornozelos.
Depois dessas sessões, 8 das 9 participantes relataram excitação mais intensa, melhor lubrificação vaginal ou capacidade de atingir o orgasmo novamente.
"Em uma variedade de estudos clínicos, se você obtiver uma melhora de 50% nos sintomas, pode considerar uma resposta bem-sucedida. Tivemos quatro que atingiram ou excederam esse limiar", explica Tim Bruns, pesquisador e um dos autores do estudo.
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No entanto, apesar de seus esforços, os cientistas até agora não conseguiram produzir uma pílula tão bem-sucedida para ajudar as mulheres a se sentirem mais dispostas.